Resenha de “Lady Bird: A Hora de Voar” por Ana Beatriz Farias
“Lady Bird: A Hora de Voar” (2017) dirigido por Greta Gerwig é uma emocionante obra cinematográfica que dividiu opiniões nos debates da Eletiva de Cinema e Linguagens, conduzida pelo professor Kayron Kaic. Essa divergência nos leva a refletir sobre qual é a verdadeira essência do filme: ele é para adolescentes ou sobre adolescentes?
O filme é sobre o processo de amadurecimento de Christine McPherson, ou Lady Bird, como a personagem exige em ser chamada. Como uma adolescente normal do ensino médio, as preocupações sobre universidades e vida adulta começam a bater na porta, consequentemente, a personagem tem como meta sair de sua cidade natal, Sacramento, ideia da qual sua mãe não aprova. Além do futuro acadêmico, a sua vida monótona e entediante também a assombra e apenas alimenta a sua vontade de sair em busca da própria liberdade.
Com o intuito de certificar sua saída, Lady Bird se empenha para tirar boas notas e ter uma historico escolar impecável, incluindo entrar para o grupo de teatro da sua escola, local onde ela conhece seu primeiro namorado, que coincidentemente é neto da dona da casa que ela e sua melhor amiga, Julie, sonham em morar, por ser uma das mais bonitas do bairro nobre de sua cidade, onde todos têm uma vida perfeita, em seu pensamento. Outro ponto que vale ressaltar é que, Lady Bird não se orgulha e sente vergonha por conta do local em que mora, e por sua condição financeira, o que a faz tentar de tudo para se encaixar nas “panelinhas”, assim, desencadeando a mentalidade que ela precisará para iniciar o seu processo de crescimento.
Diante de decisões erradas, choros no colo da mãe, situações estressantes e delicadas, crises financeiras, expectativas e frustrações, Christine começa a descobrir quem ela é, ao passo que vemos sua evolução como pessoa enquanto ela enfrenta as dificuldades do último ano do ensino médio, observamos que ela volta a encontrar conforto em Sacramento.
Pessoalmente, o filme é uma boa forma de relembrar como é a mente de um adolescente, enxergar que não nos preocupamos apenas com a escola, e sim em tudo ao nosso redor, medo da rejeição, medo de decepcionar quem amamos, medo da vida adulta. Por isso que estamos sujeitos a mentir para se encaixar, tomar decisões precipitadas que provavelmente nos levam ao erro, mas todas essas falhas constroem o nosso “Eu”, a nossa essência. A adolescência é a fase mais bonita em que os erros e acertos guiam uma pessoa e a transforma no que ela é hoje, e futuramente lembraremos disso com gargalhadas ao fundo.
Retornando a pergunta do início, conclui que o filme é sobre adolescentes e para os adolescentes. Ele pode não agradar a todos, despertar o sentimento de desgosto a Lady Bird por ela ter “uma personalidade forte e irritante” mas ali, Greta faz questão de mostrar os momentos de vulnerabilidade e amadurecimento de uma adolescente em processo de autoconhecimento. E pode se afirmar que 99,9% dos espectadores se identificaram em algum momento da trama, por isso digo que foi feito para adolescentes, para nos lembrar que não estamos sozinhos nessa jornada, temos a nós mesmos, nossas família e amigos e que tudo faz parte de um “desenvolvimento de personagem”.
“Oi mamãe e papai, sou eu, Christine. É o nome que vocês me deram, é um bom nome.”
Por Ana Beatriz Farias