Desafio da Momo reacende debate sobre cyberbullying
A internet transformou não só a forma como as pessoas aprendem, mas também como se comunicam e se relacionam. Os inúmeros benefícios das conexões digitais são inegáveis, entretanto, o uso desses canais pelos mais jovens, sem uma orientação responsável, pode potencializar problemas que já existem na vida offline. Nos últimos meses, por exemplo, o jogo “Baleia Azul” e a série “13 Reasons Why”, da Netflix, foram criticados por suposto incentivo ao suicídio entre adolescentes (falamos sobre isso aqui). Agora, porém, quem ganhou repercussão nas redes sociais foi a Momo, uma personagem falsa que pratica cyberbullying pelo Whatsapp.
Com um sorriso deformado, de orelha a orelha, cabelos compridos e olhos saltados do rosto, a Momo se tornou um desafio viral. Para participar, os adolescentes adicionam um número de telefone no Whatsapp e iniciam o contato com o perfil falso. A partir daí participantes afirmam ter sido alvo de chantagem, assédio e humilhação. Segundo a equipe de psicólogas do Anglo, além do perigo do roubo de dados e informações pessoais, o “desafio” está inserido em um contexto mais amplo e alarmante.
“’A Momo’ evidencia a vulnerabilidade que ficam sujeitos os usuários de internet, especialmente quando são crianças e jovens. Trata-se de bullying virtual e acarreta efeitos psicológicos e/ou físicos para a vítima, colocando-a em situação de ansiedade constante, afeta sua autoestima e pode levar à depressão”, afirma o SAP (Serviço de Atendimento Psicológico).
A internet tornou a difamação e as agressões ainda mais fortes devido ao seu potencial de alcance. Para quem se torna refém de um personagem como a Momo, nenhum lugar se torna seguro. Além disso, como o autor das ofensas pode se esconder atrás da tela do computador, sem medo de ser descoberto, ele sente que pode ser mais agressivo e impiedoso.
Para combater a Momo ou outras ações com viés depreciativos, os familiares precisam estar muito atentos ao uso que seus filhos fazem da internet, das redes sociais e das ferramentas de comunicação. “Recomendamos que os pais participem com as crianças durante o uso da internet, buscando compreender quais são os sites e atividades que despertam o interesse de seus filhos e assim, construam um diálogo aberto e franco sobre os riscos do meio virtual, orientando e instrumentalizando o uso”, conclui o SAP.